Quem nunca deu por si a torcer por um vilão, ou mesmo sentir
carinho por ele, enquanto vê um filme? Um estudo levado a cabo por
psicólogos da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, tentou
explicar este fenómeno.
De acordo com o site IFLScience,
os investigadores defendem que a “simpatia pelo diabo” num cenário
ficcional é, talvez, uma forma segura de as pessoas se relacionarem com aspetos mais sombrios da sua personalidade.
“A nossa investigação sugere que histórias e mundos ficcionais podem
oferecer um ‘refúgio’ para nos compararmos com o nosso lado mais
sombrio. Quando as pessoas se sentem seguras, estão mais interessadas em
comparações com personagens negativas que são semelhantes a si mesmos
noutros aspetos”, explica em comunicado Rebecca Krause, uma das autoras do estudo publicado na revista científica Psychological Science.
“As pessoas querem ver-se de uma forma positiva. Encontrar
semelhanças entre si e uma má pessoa pode ser desconfortável”,
acrescenta. Porém, simpatizar com um vilão que só existe nas histórias
não parece ameaçar o nosso próprio sentido de identidade se conseguirmos separá-lo da realidade.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores analisaram dados de cerca de 232.500 utilizadores anónimos registados no site CharacTour.
A plataforma contém um questionário de personalidade que permite ver as
nossas semelhanças com uma variedade de personagens diferentes, bons e
maus.
Ao analisar os resultados desse questionário, bem como as respostas dos utilizadores
aos resultados obtidos, a equipa descobriu que as pessoas tendem a
gostar tanto de vilões como de boas personagens, pois percebem que
partilham semelhanças com ambos.
De seguida, os cientistas realizaram cinco experimentos. Num deles,
procuraram verificar se as pessoas faziam uma distinção entre vilões
ficcionais e reais, bem como heróis ficcionais e heróis da vida real,
fazendo uma série de perguntas a 100 participantes.
Noutro experimento, a equipa usou testes psicológicos para verificar
se as pessoas se sentiam diferentes em relação aos vilões fictícios se a
imagem que tinham de si próprias estava ameaçada ou não.
Por exemplo, se a comparação com o vilão foi subtil ou se essa
semelhança com uma pessoa má poderia causar um julgamento social real
por outros.
Os cientistas admitem, no entanto, que são necessárias mais pesquisas antes de se chegar a conclusões sólidas sobre este tema.
https://zap.aeiou.pt/porque-somos-atraidos-viloes-321695
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